terça-feira, 1 de março de 2011

Porque planejam os homens

Um homem prevenido - ou planejado, como queiram - vale por dois. Como boa máxima que é, essa frase me esquece a origem no momento. Apostaria, no entanto, em um berço militar. Sim, porque, na possibilidade da arte da guerra ter nos herdado algo positivo, ela seria provavelmente as bases da ciência administrativas atuais. Na história não são poucos os exemplos de exércitos menores subjulgando outros muito maiores. Para ficar na cultura cinematográfica, poderíamos citar a clássica defesa do desfiladeiro das Termópolis, por Leônidas, e outra batalha semelhante - lutada sobre uma ponte estreita – em Stirling envolvendo escoceses e ingleses. O segundo exemplo foi recriado, como uso de toda liberdade poética possível, por Mel Gibson no filme Coração Valente.


O que esses exemplos apenas ilustram é como recursos, no caso homens, podem de fato ter seu emprego multiplicado quando há planejamento. Infelizmente no Brasil o planejamento não é lá algo muito popular. Muitos falam nele, mas poucos de fato estão familiarizados com a sua utilização. O planejamento é visto como momento de especulação abstrata inútil sobre o futuro, como simples perda de tempo. Aqui, a preferência é sempre por ir tocando as atividades e durante a execução corrigir eventuais erros. Nosso grande equívoco. O desperdício gerado pelos ajustes e erros na fase de execução são maiores que o pretenso “desperdício” de tempo da fase de planejamento. Isto é notório em qualquer relação, seja no nível pessoal, seja no social. Não é necessário experiência acadêmica para constatá-lo.


Claro que a descrença do brasileiro no planejamento não é gratuita. Estamos mais acostumados a ver exemplos de planejamentos falhos, pouco ou nada científicos, o que torna-nos ótimos descrentes. Nossa própria historiagrafia oficial prefere uma versão de uma descoberta ao acaso, de Naus “desviadas” de seu curso, a uma versão em que aqui vieram como parte de uma trajeto previamente planejado. Estamos há séculos nesse círculo vicioso: planeja-se mal, executa-se mal, culpa-se o planejamento, desacredita-se o planejamento, planeja-se ainda pior.


Metodologias de planejamento


Planejar é, em essência, a atividade de estabelecer hipóteses e cenários sobre o futuro. Quanto mais consistentes forem eles, melhor será o planejamento. Para construir cenários realísticos, a administração lança mão de diversos recursos, principalmente os de cunho científicos: teorias, metodologias de levantamento e análise de informações, opiniões de especialistas.

De posse desses cenários, começa o trabalho positivo da administração. As hipóteses e cenários são categorizadas de acordo com as probalidades de ocorrência, bem como sobre os impactos que trazem. Analisa-se o meio externo da organização. Analisa-se a disponibilidade de recursos, o atuais e as possibilidades futuras. Chega então o momento da elaboração de preposições positivas, estabelecer a identidade organizacional (missão, valores, visão), objetivos a longo prazo, estratégias, metas, planos táticos, operacionais. Enfim, toda terminologia que todos já viram em algum momento ou outro.

Planejamento no IFPR

A análise dos documentos administrativos mais importantes do IFPR (o Plano de Desenvolvimento Institucional e o Planejamento Institucional 2011) nos fazem refletir sobre como o planejamento tem sido trabalhado e concebido internamente. Todos podem fazer um teste simples para ver se o planejamento é uma realidade dentro do IFPR: o quanto do meu trabalho do dia-dia está previsto em um planejamento maior, estratégico? Quantas horas de trabalho são dedicados a pensar em minhas metas? Eu tenho clareza de como meu trabalho está sendo refletido em uma melhor educação? Meus valores pessoais e opiniões estão de acordo com o que tem sido feito? Acredito que minhas ações são as melhores para o IFPR e para a educação do Brasil?

Confronte suas opiniões com a de seus colegas. Se não houver respostas claras, se houver divergências, há grandes chances do planejamento ter falhas.

O planejamento deve fazer um homem valer por dois, como comentávamos no começo do artigo. Essa mágica é feita através dos famosos alinhamento ou convergência estratégica de recursos. Pessoas atuando na mesma direção, com os mesmo objetivos e compartilhando valores terão resultados mensuráveis, concretos, sempre melhores. Pessoas desalinhadas estrategicamente desperdiçam o esforço e o trabalho em diversas direções. Nínguem vê o fruto concreto do trabalho e o resultado é a frustração de ver o tempo e, portanto, a vida evair-se. Os anos irão passar todos e então lembraremos: o que eu fiz de útil naquele 2011?

As eleições estão aí. É o momento de questionarmos o que queremos do nosso Instituto e assumirmos corajosamente nossas opiniões.

Nota: O IFPR, onde trabalho, está em período de campanha eleitoral para a escolha do novo reitor

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